sábado, 25 de julho de 2015

Cego em tiroteio


Todos nós temos sonhos na vida. Eu já tive muitos, nos meus vinte e três anos de vida, já tive tantos, alguns realizados e outros não. O meu sonho atual é ter um parto humanizado. Um sonho mesmo. 
O parto simboliza para mim toda uma história, um momento, sentimentos e mais uma pagina desse livro da minha vida que quero escrever. Por um período de dois anos esse assunto e a maternidade em si, se tornaram meu mundo, assistir a videos e ler relatos. Comprar livros e mergulhar nesse universo. É e foi um encanto para mim. Chegou o meu momento de viver tudo isso e estou como um cego em tiroteio. Estou perdida e sem chão. O empoderamento esta se enfraquecendo dentro de mim e hoje eu sei o que de fato é o capitalismo e o que ele tem de ruim. A vida é uma questão de oferta e demanda. Na vida, descobri que é tudo o dinheiro, ele é a chave e a fechadura. Ele é o que move o mundo, sim. Até o humanizado. Quando você começa a ver seu sonho mais e mais distante, desespera. As minhas opções não são as melhores, isso me deixa mais sensível ainda com toda essa situação. Sei que muitas mulheres não podem nem cogitar sonhar, não tem nem como pedir um orçamento referente a um parto domiciliar, mas eu achei que conseguiria. Sei também que muitas tem que recorrer ao SUS, sem uma outra opção. Mas querendo ou não, no SUS nós somos mais um e poucas vezes eles dão uma boa assistência. E o hospital que eu cogitava no SUS, acabo de ter uma experiencia na família que me tirou a confiança referente ao mesmo. E a cada dia me sinto mais encurralada e sem saída. Ter no convenio é a minha opção mais viável no momento. Ficar em casa o máximo de tempo que eu conseguir e chegar no hospital em trabalho de parto ativo e ter com o plantonista do hospital. Mas isso faz com que meu parto não seja aquele que eu sonhei. Abrir mão de um sonho por dinheiro é muito difícil, mesmo essa não sendo a primeira vez, essa é uma daquelas que me deixa mais frustrada, é como se a todo momento eu estive me contradizendo, estou traindo minha própria teoria de que basta a mulher se informar. E o que eu aprendi é que não basta informação de qualidade quando não se tem assistência de qualidade. Essa semana no meu feed do facebook apareceu um cartaz de um posto de saúde da Inglaterra onde é incentivado o parto domiciliar para gestante de baixo risco. Isso é realidade lá e por aqui pelo que pude perceber está tão longe... Assim como houve um texto que publicado em um blog materno feminista a respeito do parto humanizado e a sua elitização e é tão real. Hoje eu vivo um misto de sentimentos. Vivo a maravilha de estar grávida e a angustia do parto não resolvido. Tudo esta meio empacado nessa gravidez, numa sensação de que ta tudo perdido e mal feito. Meio largado, mal resolvido. Não está fácil...





sexta-feira, 24 de julho de 2015

O amor multiplica?

Todos os dias quando eu acordo, faço questão de marcar na memória o que acontece, cada coisa que eu faço com o Gabriel, as nossas conversas, momentos e até as crises difíceis. Todos os dias eu penso no amor que eu sinto por ele e como nós dois estamos ligados nos últimos tempos, depois da viagem do Bruno, muito mais. E mesmo quando eu estou cansada, mesmo quando estou morrendo de dor em algum lugar (gravidas hahaha) ou quando simplesmente estou sem paciência, penso o quanto nós temos uma sintonia louca, nós sempre estamos com os mesmo sentimentos, quanto estou feliz ele também está e quando estou irritada consequentemente ele também.  E ultimamente sempre me emociono quando penso nesses momentos que não serão mais nossos, como teremos que dividir o amor, penso na forma como ele vai lidar ao me ver fazendo com o Joaquim, o que faço com ele. Penso se é tão legal assim ter um irmão da perspectiva dele, penso como ele vai se sentir em relação a mim e aos nossos momentos, que no inicio não serão como são agora. Ontem estava vendo videos de quando ele era um filhotinho pituco de tudo e nós conversando com ele, brincando, dando banho e rindo. Penso nesses momentos com o Joaquim, será que vou conseguir me doar a esse novo amor? será que vou conseguir dar amor para os dois? Vou conseguir mostrar para o Gabriel que não existe substituição e sim mais alguém pra tá junto? Será que ele vai entender que será uma multiplicação do amor e não amor divido? E eu vou conseguir lidar com os dois e com esses momentos? Como é dificil... É muito amor pelos dois mas é incrível como não paro de pensar no Gabriel e em como será emocionalmente falando, o que ele vai sentir, como vai demonstrar, será que vou conseguir demonstrar e passar segurança para ele? Como as mães conseguem? Eles são tão únicos e os contextos são outros. Já sou mãe, de segunda viagem. Mas no coração me aperta e me sinto de primeira viagem, afinal é a primeira viagem para esse mundo desconhecido. São dois bebês. É tanta coisa, me enche de lagrimas nos olhos e meu coração transborda de amor. As vezes penso que sou tão boba mas é tão real esse sentimento de conseguir lidar com esse amor tão grande e não deixar o Gabriel sentir que foi deixado de lado. Porque ele jamais seria deixado de lado. Porque todos os dias quando ele brinca e fala com o Joaquim, me da vontade de chorar, penso neles dois brincando e fazendo bagunça. Penso no Gabriel querendo abraçar, beijar e pegar no colo. E como o amor dele pelo irmão já ta aí. E como meu amor é todo deles. E como ser mãe é tão lindo. Mesmo com todos os poréns que existem, as dificuldades para educar, o cansaço que existe, tudo isso acaba passando batido quando percebo que sem eles não seria nada. Sem eles não existo mais. Como o amor por eles jamais diminui, só aumenta e aumenta. Cada conquista do Gabriel, palavra, demonstração de amor e a cada chute que o Joaquim dá na barriga, cada consulta de pré natal onde os exames estão bons e nós dois de parabéns. A resposta para: o amor multiplica? sim, ele multiplica milhares de vezes mais. 


quarta-feira, 15 de julho de 2015

Gabriel antes dos três...

Mesmo com todas as coisas que aconteceram durante este ano, eu não poderia deixar de registrar quem é o Gabriel prestes a completar seus três anos. Quando eu paro e penso que já fazem três anos que nós nos vimos pela primeira vez e passamos tantas coisas juntos, parece que foi ontem. Hoje o Gabriel tem dois anos e onze meses. Já é um menino falante e cheio de vontades. Porém ainda é um bebê (pra nós, sempre será), continua usando fralda, chupeta e dorme no berço. Talvez seja nossa culpa, ficamos com dó de tirar a chupeta porque o pai ta longe e tem um irmão a caminho. O desfralde simplesmente não acontece, quando a própria escola (já ouvi que ela fazia milagre com o desfralde) pede pra mandar fraldas porque não vai rolar o desfralde naquele momento, é tenso. Mas acredito que tudo é questão de tempo, não conheço ninguém que usa fralda (a não ser por motivos de saúde), então por hora ele também usa a fralda e ta tudo certo! O berço, ele já devia ter saído a mais de um ano mas fiquei enrolando, agora com a chegada do bebê, ele vai passar para a cama. Tirando essa parte, o Gabriel esta super esperto, falando de tudo, conversa numa boa com a gente, fala as palavras, na maioria, certinhas. É uma graça. Tem umas sacadas geniais que me pergunto aonde ele aprendeu. Já repetiu palavrão que a gente falou e como é difícil. Afinal o palavrão é uma palavra feia para nós porém quando estamos bravos falamos numa forma de expressar a raiva e ele usou o tal do palavrão nas horas certas, hahah, parece ate que já sabia como usar, mas é obvio que eu falei que era feio aquilo e logo mudei de assunto, porque quando a gente da importância demais para alguma coisa, ai é que eles não param de fazer!  
O Gabriel durante esse ano aprendeu a correr de verdade, a cair também, se machuca como uma criança deve, hahaha. Já sabe contar até quase 20, embaralha tudo mas até o dez, vai. Sabe contar as suas histórias preferidas: os três porquinhos, chapeuzinho vermelho, bruxa, bruxa, venha a minha festa e o dente ainda doía (um jacaré com dor de dente). Tem algumas comidas preferidas, mas o amor dele é: arroz, feijão, frango/peixe ou carne e tomate, sempre dá preferência ao suco e ama gelatina. O que ele não comeu de doce até o aniversário de dois anos, aproveitou este ano. Como é difícil segurar essa coisa de doces mas ainda assim troca tudo por uma melancia, uma banana, morango ou maçã. Ele ta mais viciado em TV, é mais difícil ficar com ele dentro de casa sem a TV, ele aprendeu a ligar. Mas ainda assim brinca muito no quintal e se suja. Tem brinquedos preferidos e ama um avião de papel. Diz que é o avião mais rápido do mundo (inspirado no desenho Super Wings). Ele ama o filme Carros e o Toy Story. Ama o canal Discovery Kids mas troca pelo da Disney Junior. Brinca muito com os carrinhos tipo HotWels e tem muitos muitos. Cada dia que passa fica mais tímido quando tem muitas pessoas, muita muvuca mas quando se solta, é só alegria e não para de falar. Fala de tudo, forma frases e não para de perguntar: o que é isso? Porque? Onde você vai? O que esta fazendo? É incrível ver como ele sabe falar tudo. Ainda se enrola e as vezes é tão ansioso e afobado para falar que gagueja. Tem que pedir calma e pedir para ele respirar e repetir. Já sabe as palavras magicas, fala obrigado, por favor. Diz te amo e da abraços grandes e fortes. O Gabriel já sabe que vai ser irmão do Joaquim e já diz que o Joaquim é o bebê dele, conversa com o Joaquim e sempre pergunta se o bebê ta com vontade de comer o que ele ta comendo. Estou fazendo o possível para integrar o Gabriel na gravidez e tudo que envolve a chegada do bebê. Acredito que ele não vá sentir tanto, a partir do momento que ele percebe que nós estamos incluindo ele no processo. Mas se acontecer, acredito que sera uma fase. Gabriel você não é mais um bebê (você mesmo diz) e a cada dia que passa esta maior e mais mocinho. É uma honra poder ser sua mãe e ensinar e ver você aprender! Amo tanto que dói.



segunda-feira, 13 de julho de 2015

A caminho do parto


Quando comecei a me interessar pelo parto humanizado, ficava imaginando como eu fiz a cesárea com tanta certeza de ser algo seguro. E de inicio condenava demais a minha decisão de ter tido o Gabriel em uma cesárea eletiva e me culpava por tudo que havia acontecido conosco. Mas aprendi também que as experiencias que nos trazem alguns ensinamentos. Já condenei muito a cesárea mas hoje o que eu posso dizer é que nós buscamos o parto em si. Ainda que a cesárea não seja um parto e sim uma via de nascimento, extração do bebê e tudo mais. Foi ela que trouxe o Gabriel para o mundo e apesar dos pesares, foi assim que ele chegou até nós. Hoje eu só posso falar sobre mim e o que uma mulher escolher para ela só diz respeito a ela. Afinal "meu corpo, minhas regras". Porém uma coisa que me aflige muito e principalmente agora que estou gravida, é a forma como nós somos tratadas e somos vistas pelos nossos médicos, é a forma como as informações chegam até nós e como o acesso a informações são difíceis. O médico do convenio que tá sempre lotado de mulheres gravidas, cheias de duvidas e quando entram no consultório são tratadas de uma maneira infantil, demonstrando que nós não temos como discernir nada e afinal o médico sabe exatamente o que fazer. Se somos questionadoras, o médico é muito pessimista. Principalmente quando nós estamos indo contra ao que ele acredita ser o melhor para todos (principalmente para ele). As informações que eu obtive do médico que me acompanha a respeito do parto normal me fizeram chegar a uma conclusão, se no final das contas eu não tiver pra onde correr e for ter o bebê com ele, será uma cesárea com toda a certeza desse mundo. Porque o tal parto normal é mais um filme de terror.
Mas porque de novo falando sobre isso? Porque isso é muito importante para mim, escrever sobre as minhas percepções, minhas vontades e os meus medos. Para chegar ao parto humanizado estou trilhando um caminho árduo, em busca de pessoas que consigam me trazer confiança e a esperança que nada esta perdido. Já encontrei a minha doula <3 e agora estamos em busca de uma equipe que nos acompanhe. Não é fácil, é preciso correr atrás, ter apoio de alguém também é essencial. O Bruno esta viajando e volta lá pro começo de setembro, ficará quase que a gestação inteira fora do país mas ao mesmo tempo é um marido que apoia todas as minhas decisões e sonha junto comigo, isso é importantíssimo. Afinal o filho é nosso e estamos juntos nesse barco em todos os aspectos. De qualquer forma como eu disse lá no começo, somos nós que buscamos o parto e não basta acreditar que você vai ter o parto normal e fim. Não é atoa que nós vivemos a realidade de ser um país com a maior taxa de cesáreas do mundo. E eu também acredito que o parto deva ser encarado assim como nós encaramos a alimentação e educação do bebê. Nós nos preocupamos tanto com isso e não pensamos na forma de nascer. Então para mim passar pela cesárea, no meu caso especificamente, seria a ultima das ultimas consequências, por isso estou sim muito preocupada com o meu parto e do Joaquim, preocupada com essa nova experiencia na minha vida e como ela pode acontecer. E continuamos a procurar...