domingo, 15 de novembro de 2015

Relato de parto domiciliar - Joaquim!

Terça feira completamos 41 semanas de gestação. Se na semana anterior eu tava ansiosa, afinal 40 semanas tem seu peso né?! Rola uma mega pressão das pessoas a volta e nossa também. Eu já estava impaciente e já estava achando que chegariamos as 42 semanas. Na terça-feira as meninas vieram aqui em casa para mais uma consulta de pré natal e nessa mesma consulta combinaram da gente fazer uma despedida da barriga. Elas vieram e estava tudo bem tanto comigo como com o Joaquim. Nós conversamos sobre o que fariamos caso chegassemos nas 42 semanas, eu não estava disposta a esperar mais do que isso, pois já não tinha tanta segurança assim. Então ficou combinado que chegando a terça-feira e as 42 semanas, iriamos para o hospital. Porém antes de chegar a esse ponto nós combinamos de na sexta feira fazer o descolamento de membrana (uma forma de indução do parto). Algumas cólicas de vez em quando apareciam e depois iam embora. Não estava levando fé que entraria em trabalho de parto mas eu li em algum lugar que dizia que o trabalho de parto começa na cabeça e comecei a tentar trabalhar isso, tirar da mente tudo que pudesse estar atrapalhando. Na mesma noite da consulta de pré natal as meninas fizeram uma despedida da barriga. Fizeram um escalda pé,o Bruno e a Raquel (minha doula) fizeram massagem em mim e o Gabriel ajudou, a Raquel (obstetriz) leu um texto e foi bem emocionante, uma forma de me concectar com o meu corpo e o Joaquim para o processo começar a fluir. Na quarta feira as coisas continuaram calmas e não sentia nada. Na quinta feira a noite saiu um pouco de tampão, não foi nada enorme mas saiu e deu uma esperança. Comecei a refletir sobre o descolamento e o quanto invasivo e dolorido ele era. Sem contar que ele poderia induzir a bolsa a romper e isso poderia atrapalhar a realização do parto dolicliar, já que existe um tempo que podemos ficar com a bolsa rota. A Raquel sugeriu fazer acupuntura que era algo que era natural e não invasivo. Conversei com o Bruno sobre os prós e contras e então optamos por fazer a acupuntura e ver no que daria. Na sexta feira as onze da manhã, a Gabriela veio aqui em casa e ao meio dia e pouco quando ela saiu já sentia contrações, irregulares e espaçadas, mas sentia. Tentei manter o ambiente do quarto o mais tranquilo possível e escuro para nao atrapalhar a evolução. Durante a tarde continuei com contrações irregulares. Foi chegando a noite e foi ficando bem longe uma da outra. As meninas sugeriram fazer um shake que também dizem induzir o parto. Eu fiz um copo de agua fria de côco, melão, leite condensado e uma colher de óleo de ricino. Tomei um banho e tomei o shake. Uma hora depois  comecei a senrir umas contrações. Fomos deitar e começaram a rolar contrações chatas, no intervalo entre elas conseguia dormir e quando vinha uma contração acordava, respirava fundo e tentava me manter tranquila. Quando acordei de manhã, fui tomar um banho para da uma relaxada mas ainda assim vinham contrações e cólica no pé da barriga. Não era intenso mas existia uma dorzinha. Mandei uma mensagem para a equipe e elas pediram para que eu marcasse o tempo entre uma contração e outra. Durante quarenta minutos eu marquei e estava tendo contrações a cada seis minutos, duravam em torno de um minuto. Não estava levando fé e quando a Raquel (doula) disse que estava vindo para minha casa, fiquei receosa de ser apenas um alarme falso, afinal eu ja tinha tido cólicas e contrações, claro que nada do tipo tão intenso mas já não sabia exatamente o que esperar de um trabalho de parto, seja a fase latente ou ativa. Quando a Raquel chegou, minha mãe tinha acabado de levar o Gabriel embora e comprou almoço para nós. Ai a Raquel começou a marcar as contrações. Eu conseguia conversar e rir. Passado uma hora mais o menos, as contrações vinham e eu já precisava ficar quieta ou falar um palavrão, não fui muito fofa no trabalho de parto. Em seguida chegou a Raquel (obstetriz) e Laine (fotógrafa), com muitas e muitas coisas. Arrumaram o espaço para montar a banheira. Minha casa ficou totalmente diferente. Enquanto isso as contrações estavam lá, quando vinham todos ficavam em silêncio, eu estava começando a ficar cansada e com sono, as menina sugeriram que eu fosse deitar com o Bruno. Elas desligaram as luzes e ficamos a luz de velas no quarto. Tive três ou quatro contrações deitada e foi bem difícil lidar com elas nessa posição e então resolvi levantar da cama. Já estava escurecendo la fora e ai percebi que a Thais (obstetriz) também havia chego. Elas começavam a encher a piscina e o Bruno o tempo todo por perto. Não queria que ele saisse de perto de mim. Eu lembro que ainda assim duvidava que estava de fato em trabalho de parto. Eu tinha uma ideia totalmente diferente da dor e mesmo sabendo que ela se intensificaria, era uma dor muito doida, ela vinha, ela era intensa e vinha lá no fundo do ventre e depois ela ia embora, não estava sofrendo de dor, sentia ela, que vinha e depois ia, quando ia embora tudo voltava ao normal. Então as meninas sugeriram que a gente pedisse uma pizza, afinal desde a uma da tarde não havia comido nada. O Bruno foi comprar refrigerante e eu pedi a pizza e quase tive uma contração no meio do pedido hahahah 
As contrações estavam doloridas, ficava quieta e respirava fundo. A banheira encheu e então eu decidi entrar nela. Nossa muito bom. Tava uma delícia mas não conseguia achar uma boa posição para lidar com a dor. O Bruno deu um pouco de pizza pra mim na boca enquanto eu estava na banheira. Até esse momento estava fácil de lidar com as contrações, eram doloridas, eu fazia barulho, tipo gritava mas não muito alto ainda. Depois da comida, me lembro do Bruno ir colocar uma bermuda e também fazer café, desse momento em diante começou a ficar mais dificil. Eu fiquei na banheira mas foi ficando mais difícil de lidar com a dor e única posição que eu conseguia ficar era de joelho e apoiada em alguma coisa, minha perna tremia de dor por ficar tanto na mesma posição. A partir da meia noite em diante tudo ficou um tanto quanto turvo. O tempo pra mim passou rápido até aqui...
As dores estavam bem intensas e ela iam  e vinham cada vez mais próximas uma das outras, achava que estava acabando. As três da manhã as dores estavam muito fortes e eu gritava muito a cada contração que chegava. Não é um grito de sofrimento mas era um grito vocalizando, era automático sair o grito. Pensava nos vizinhos lá fora. Chegou um momento que a Raquel pediu para fazer um toque, o primeiro e único do trabalho de parto, ela verificou que estava com 8cm de dilatação, quase 9cm. Acabou comigo que achei que estava tão próximo. Achei que tava totamente dilatada. Tive que deitar na cama para o exame ser feito e foi horrível, não o toque mas as três contrações na cama e eu achei que ia morrer. É uma dor que parece que vai te quebrar ao meio e ainda bem que depois vai embora. Quando a Raquel e o Bruno conseguiram me tirar da cama, fomos ao banheiro, entrar no chuveiro. Era muito difícil mudar de posição, estar sentada e levantar por exemplo, cada vez que eu mudava a posição vinha uma contração mais forte que a anterior. Entrei no chuveiro e fiquei sentada em um banco e deixei a agua quente cair na barriga e também nas costas. Não sei por quanto tempo fiquei no chuveiro. A Raquel (doula) foi essencial nesse momento, ela basicamente entrou no chuveiro comigo e quando eu vinha a contração, eu chamava por ela, apertava a mão dela e o olhar dela como se me incentivassem a seguir e que eu estava indo bem. Mas as dores estavam tão dificeis e eu cheguei no momento de covardia, pedi para ir para o hospital. Eu gritava, chorava e pedia para ir para o hospital. A Raquel (obstetriz) quis saber porque eu queria ir pro hospital e eu dizia que não tava mais aguentando a dor e eu só queria dormir, descansar, tava muito difícil. Eu também estava com medo da hora que a cabeça do bebê saisse, tinha medo da dor que seria. A Raquel (obstetriz) veio e disse que ia demorar um pouquinho mais e que a dor já era a maior que eu poderia sentir e que eu estava aguentando. Derepente surgiu a minha mãe na porta do banheiro, ela e a minha avó ficaram a noite inteira esperando acabar o parto. Ela veio e disse que eu iria conseguir. E eu repetia que queria ir pro hospital, porque doia tanto, porque estava com sono, porque o bebê não queria nascer. Chinguei muito, falei muitos palavrões e gritei demais. Eu não estava conseguindo deixar a dor vir, estava brigando contra ela. Eu repetia para mim mesma para de brigar com a dor mas a dor é muito forte. Chamava o Joaquim, gritava, pedia ajuda dele. Falava que eu estava pronta e que ele poderia vir. Até que minha bolsa estorou, fez um ploc e então eu gritei a bolsa estorou e veio uma contração muito forte. E a partir dai mesmo tendo dado um ânimo, ficou mais intenso. Sentei no sofá e quando a contração vinha, eu ficava de cócoras e puxava o rebozo que estava na Raquel (doula). O dia já estava clareando e eu já não aguentava mais. Não parava de repetir que estava cansada e que não queria mais. O Bruno ficou ao meu lado o tempo inteiro, a todo momento, eu precisava dele ali presente, me dando a mão ou mesmo só me olhando, ele ficava próximo e quando a contração chegava, ele respirava e falava respira. Foi um companheiro maravilhoso. Minha mãe então entrou novamente e veio falar comigo, disse que o carro tava la fora e que se eu quisesse ela me levaria para o hospital mas que ela e meu pai acreditavam e confiaram em mim. E que eu não poderia desistir agora. Eu acredito que esse foi o que eu precisava para tirar forças la do fundo da alma para poder parir. A partir desse momento as contrações foram muito muito fortes e estávamos mais próximos do nascimento do Joaquim. As últimas contrações vieram, mais fortes e mais demoradas porém mais espaçadas uma da outra. Consegui sentir a cabeça do bebê vindo mas ela voltou. Fiquei desesperada, porque ele estava voltando?! Me disseram que era aos poucos e que ele estava vindo. Mais uma.E de repente não conseguia mais segurar a vontade de fazer força, força de côco. E então eu senti o circulo de fogo que ta mais pra um vulcão, queima mesmo. Senti a cabeça sair e gritava para alguém segurar o bebê. Eu estava num cantinho da sala, próximo ao sofa e foi ali que o Joaquim veio ao mundo, era um espaço estreito e tinha a impressão que ninguém conseguiria pegar o bebê. Mas obviamente elas conseguiram pegar ele. Quando ele saiu, saiu tudo junto e um berro muito forte. E então ele veio pro meu colo e eu não podia acreditar que aquilo tinha acontecido. Era surreal. Ocitocina pura, felicidade, amor, sensação de ser foda, de ser mamífera, eu consegui, nós conseguimos, eu pari, ele nasceu, quando quis. Ele é perfeito. A cara do irmão. Que saudades do Gabriel. Que realização. 
Depois de todo esse momento mágico que vivemos, era preciso levantar e não foi fácil, minhas pernas tremiam e eu não tinha muitas forças, foi um esforço físico muito grande e como a única posição que eu conseguia ficar era cócoras, foi esforço demais. Consegui levantar com a ajuda da Raquel, Thais e do Bruno. Fomos para a cama e fui examinada pela Raquel, tive uma laceração e tomei quatro pontos, mas foi tranquilo, foi mais difícil manter as pernas flexionadas e abertas do que os pontos. Enquanto isso o Bruno ficou com o Joaquim no colo, eles ficaram namorando. E enfim o Joaquim voltou para o meu colo. Amamentei ele e enquanto isso a Thais deu a vitamina k, ele nem demonstrou sentir dor, continuou mamando feliz da vida, mediram, pesaram e avaliaram, estava perfeitinho. Que delícia ter meu bebê ali, na minha cama, namoramos ele, babamos muito. Me deixaram no quarto e começaram a arrumar a casa que estava com banheira cheia de agua, banheiro molhado, chão com sangue. As meninas e o Bruno deram uma geral. Todas exaustas e o Bruno nem sei como aguentou também. Depois que todo mundo foi embora, ele deu uma boa geral na casa e só foi dormir depois que eu tomei banho e almocei. Ele foi fantástico, um super companheiro, sem ele seria impossível. Não consigo pensar nas palavras que possam descrever tudo que eu sinto por ele e ainda mais depois dessa experiência. Um amor que só cresce mais e mais. A equipe eu não tenho palavras para agradecer a mega assistência, disponibilidade, o carinho comigo e com a minha família. A nossa doula Raquel, que mulher incrível, obrigada por tudo. Às obstetrizes Raquel e Thais, sem palavras por toda a assistencia, delicadeza e o amor de vocês pelo que fazem. Foi muita sorte a minha ter vocês em um momento tão importante da minha vida,obrigada. A Laine, fotógrafa, você foi demais, soube ser presente mas sem ficar em cima da gente, me ajudou no parto com palavras de incentivo, me deu a mão em um momento que busquei por alguém. Agradeço a minha mãe que mesmo não concordando me apoiou, deu um suporte incrível no dia do parto e também pós parto. Obrigada Mãe, sei que não foi nenhum pouco fácil para você, te amo muito. É só tenho um sentimento depois de toda essa experiência, gratidão. Gratidão por todas as vibrações positivas e por todos que torceram pelo parto. Gratidão a Deus. Foi incrível. 

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