quarta-feira, 27 de julho de 2016

O puerpério

Quando você está esperando aquele lindo serzinho ficar pronto na sua barriga, se pega imaginando como ele será lindo, como vocês vão viver lindos momentos de amor, mesmo sabendo que existe um trabalhinho, bebê da uma choradinha, tem que trocar uma fralda e amamentar também, tá tranquilo. Todos os comerciais e todas as mães sempre contam o quanto é uma delicia um bebezinho. Mas existe aí uma mentira, ninguém conta o lado B do pós parto! 
Bom quando o Gabriel nasceu, foi direto para o berçário e logo depois para a UTI, minhas preocupações eram voltadas ao meu bebê e a saúde dele e de início não tive a oportunidade de viver o pós parto tão intensamente mas bem isso não quer dizer que não vivi. Principalmente porque no hospital acabava me segurando para não chorar, sofrer e não queria demonstrar fragilidade. Era uma constante incerteza de quando ele teria alta e depois que teve era um medo sem fim dele morrer a qualquer momento. Morava com meus pais e tinha medo de incomodar, o choro, a bagunça, as noites eram mal dormidas mas como eu já estava dando mamadeira, foi menos cansativo e doloroso, amamentar doi muito no início, mas ainda assim sentia uma angustia constante de tudo, me sentia incomodada mesmo com tudo tranquilo. 
Enfim, o puerpério mais intenso são nos três primeiros meses do bebê mas pode durar até os dois anos, nós precisamos nos reencontrar como mulheres e mães, isso é bem difícil. Afinal quando o bebê nasce, morre uma mulher e renasce outra, isso é inevitavel. E essa situação também temos que nos acostumar pois nossa vida NUNCA mais sera a mesma!
O puerperio da segunda gestação foi bem mais intenso e louco. O Joaquim nasceu em casa, não tinha nenhuma enfermeira ou o berçário, era eu, o Bruno e o Gabriel, vivendo intensamente juntos. Tive uma rede de apoio mas ainda assim, eramos nós quatro aprendendo todo dia. Eu acreditei que me apaixonaria instantaneamente pelo meu bebê e por tudo que envolvia aquela situação mas me senti desesperada. No segundo dia abracei o Bruno e disse que foi um erro aquele filho, aquela segunda criança que dependia de mim, tinha o Gabriel e a vida de mãe de dois, sentia um medo absurdo de não dar conta de viver dali para frente. Tudo era muito cansativo e amamentar doia, eu estava acabada, descabelada, dolorida, o tempo todo de pijama ou só de sutiã, a primeira semana com certeza foi a pior. Como o trabalho de parto durou 13 horas e não parei de me movimentar um segundo, isso me deixou com dores musculares por uns 50 dias. Demorei quase três dias para dormir e descansar bem, pela intensidade dos momentos vividos no parto. Estava me sentindo realizada, apixonada mas ao mesmo tempo me sentia desesperada, com medo de não dar conta. Isso é puerpério! Eu chorei como um bebê quando meu leite desceu, meus peitos estavam enormes e doiam, o bebê não dava conta de mamar tudo e no meio daquilo tudo ainda tinha o Gabriel, que eu acabei tendo que deixar de lado para poder me dedicar exclusivamente à amamentação! A sensação que eu tinha era que tudo aquilo demoraria muito para passar. Um recém nascido que queria colo o tempo todo, enquanto isso uma criança de três anos e meio com muita energia, se sentindo deixado de lado e exigindo a minha atenção. No meio desse turbilhão estava eu, ao mesmo tempo estava apaixonada e desesperada, sentia vontade de receber visitas e ao mesmo tempo não queria ninguém em casa porque estava me adaptando a nossa nova vida, queria falar sobre o parto e também dicas de amamentacao mas ninguém que quisesse conversar comigo a não ser para me julgar ou para dizer que eu era tão louca! 
Mas bem, quem esta lendo deve pensar o seguinte, nossa que coisa horrorosa, porque passar por isso? Bom, digo que a mudança brusca e sem retorno mexe muito com as nossas diretrizes e temos que nos reconectar e direcionar tudo novamente! A vida começa a se encaixar, aos pouquinhos tudo vai tomando forma e quando a gente vê, essa vida é a nossa  e não conseguimos viver de outro jeito! 
Após a primeira semana e que finalmente consegui sair de casa, já foi um grande avanço. Vinte dias após o nascimento, finalmente deixou de ser dolorido amamentar e começou a ser prazeroso poder alcançar mais uma das vontades que tinha com o meu segundo filho. 
Depressão pós parto não tem nada a ver com isso, a situação é completamente diferente, a mulher ficar muito mal, triste, chega ao ponto de querer se matar ou matar o bebê. 
O pós parto ou puerpério é um momento pesado, principalmente porque não é comum que digam ou alertem essa nova mãe ou as mulheres num geral, todo mundo tem a ilusão que seja tudo lindo e maravilhoso, até é mas também não é simples e fácil! 
É bom sempre lembrar que cada um tem uma experiência e forma de vivenciar tudo isso e aqui só estou compartilhando o que foi essa experiência para mim! Uma das coisas mais incômodas no pós parto, é que alem desse turbilhão de coisas acontecendo, tem gente que vem palpitar e falar coisas que deixam a mãe confusa ou irritada. No meu caso, no Gabriel, como saiu do hospital só com quinze dias, por ter ficado na UTI, ele era o bebê bomba! Sim, ele ia ter um troço a qualquer momento, todos a nossa volta tinham medo de chegar perto e todos olhavam para mim com dó e obviamente rolava aquele olhar de: "nossa, um bebê cuidando de outro!", na gestação e pós parto ouvi absurdos de pessoas que deveriam me acolher, cuidar e auxiliar! 
No Joaquim, que nasceu em casa, era mãe louca, india, das pedras, sem noção, que queria se "amostrar". Sim, as pessoas começaram a me enxergar como se eu me sentisse superior, como se eu quizesse ser a diferentona. Num geral as pessoas falavam que eu era louca e que eu poderia ter matado o meu filho e também morrido. Ouvi muita besteira mas bem menos do que no Gabriel, afinal, aprendi a fazer a famosa cara de alface dar um sorrisinho e sair andando! 
Num geral o puerpério é uma loucura mas venho dizer que, vai passar! Como tudo na vida passa. Aproveite o que for possível e tenha calma. Isso pode ser um conselho para o futuro, sim! Hahahahah 

Beijos


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